O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia disse hoje, em Ponta Delgada, que a cooperação científica e tecnológica é "muito importante como ponte para a cooperação política entre governos”.
“Cada vez mais os nossos interesses são decididos em sedes internacionais”, afirmou Fausto Brito e Abreu, defendendo ser necessário que “o espaço ibero-americano se desenvolva mais para podermos defender os nossos interesses em conjunto”.
Fausto Brito e Abreu falava na abertura do Mini Fórum do CYTED (Programa Ibero-Americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento) sobre a criação de redes de partilha de conhecimentos e de recursos, que decorre na Universidade dos Açores.
O encontro, subordinado ao tema 'Aproveitamento sustentado de recursos: uma agenda de conhecimento e crescimento para regiões periféricas e marítimas', é promovido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pretende discutir como tirar partido dos recursos de forma inteligente e em rede, capitalizando as competências e saberes no mundo ibero-americano.
“Os Açores, enquanto região periférica e marítima, entendem a necessidade de apoiar a cooperação científica e tecnológica multilateral”, afirmou Brito e Abreu, acrescentando que “os países da zona ibero-americana são parceiros privilegiados para este intercâmbio e para a criação de redes”.
Na sua intervenção, o governante referiu que o Governo dos Açores “entende a vocação da Região para a cooperação com o espaço ibero-americano”, tendo apontado um conjunto de áreas “muito férteis” para intercâmbios científicos com os países ibero-americanos, nomeadamente a agricultura, a pecuária e a agroindústria, as pescas e o mar, e o turismo, ou seja, os eixos prioritários da Estratégia de Investigação e Inovação para a Especialização Inteligente da Região - RIS3 Açores, mas também áreas como a monitorização ambiental e a climatologia, a vulcanologia e a sismologia, as energias renováveis e as tecnologias espaciais.
No âmbito da agroindústria, o Secretário Regional destacou a criação do Parque de Ciência e Tecnologia da Terceira, que permitirá “melhorar produtos lácteos, através de técnicas de biotecnologia”.
Relativamente ao eixo das pescas e do mar, Brito e Abreu referiu que a Região quer dinamizar novas áreas da 'economia do mar', como a biotecnologia marinha, tendo em conta “a localização geográfica privilegiada dos Açores junto à crista dorsal atlântica, onde existem ecossistemas diversas de mar profundo e fontes hidrotermais”, e a aquacultura que, frisou, "tem muito potencial para se desenvolver na Região”.
“Podemos ter um maior aproveitamento das nossas águas, muito limpas e muito profundas junto à costa”, referiu o Secretário Regional do Mar, acrescentando que, nesse sentido, o Governo dos Açores financiou um projeto para o estudo e o mapeamento das zonas com alto potencial para aquacultura.
Fausto Brito e Abreu adiantou que este estudo “estará pronto dentro de semanas e será disponibilizado de forma gratuita ao nosso tecido empresarial” com o objetivo de atrair investimento na produção de aquacultura nos Açores.
A este propósito, o Secretário Regional do Mar referiu também a recente criação de incentivos fiscais "para atrair para os Açores empresas e investimentos em aquacultura e biotecnologia marinha".
Outra área da 'economia do mar' apontada por Brito e Abreu refere-se à exploração de minerais de fundos submarinos.
“Há depósitos de minerais com elevado valor económico no fundo do nosso mar, mas carecemos de tecnologia que os permitam extrair de forma rentável e, nesse sentido, temos de fazer parcerias internacionais”, sustentou.
O Secretário Regional do Mar salientou, no entanto, que “a sustentabilidade de todas estas atividades é uma questão central” para a Região, acrescentando que o Governo dos Açores tem todo o interesse que as atividades mais intrusivas, como a mineração, “decorram da forma mais sustentável possível”.
Nesse sentido, ainda antes de se avançar com as prospeções minerais no mar, o Governo dos Açores tem estado a desenvolver projetos de cooperação internacional para o estudo dos impactos ambientais dessa exploração do mar profundo.
A geotermia e a estação “pioneira” de aproveitamento de energia das ondas, no Pico, foram projetos destacados na área das energias renováveis, enquanto na área das tecnologias espaciais Brito e Abreu mencionou as infraestruturas instaladas em Santa Maria, salientando a “localização única dos Açores”.
“Temos investido em atrair para a nossa Região infraestruturas espaciais que nos permitam colaborar em redes internacionais e projetos científicos que valorizem esta posição estratégica e diferenciadora dos Açores no meio do Atlântico”, disse.
O Mini-Fórum CYTED, que termina terça-feira, pretende criar redes de partilha de conhecimento e de recursos, promover colaborações entre diferentes setores institucionais e empresariais e possibilitar a constituição de novas parcerias entre diversas geografias no espaço de investigação e colaboração ibero-americano.