O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia afirmou hoje, em Ponta Delgada, que “o Governo dos Açores quer continuar a abrir a Região à inovação e às novas redes e plataformas tecnológicas e científicas”, salientando as importantes reuniões científicas no domínio do espaço que se têm realizado no arquipélago.
Fausto Brito e Abreu falava no workshop 'Land and Marine planning and management using Sentinel data - Small Oceanic Islands as a Model', da NEREUS, uma rede que congrega regiões europeias utilizadoras de tecnologia espacial, que contou com cerca de uma centena de participantes de seis países.
O Secretário Regional lembrou que o Governo dos Açores tem participado em grupos de trabalho temáticos desta rede, frisando o “envolvimento ativo” nas orientações estratégicas que estão a ser definidas na área do espaço e no desenvolvimento do papel que as regiões têm a nível europeu.
“Enquanto região periférica e marítima, consideramos fundamental a cooperação científica e tecnológica multilateral entre regiões”, afirmou Brito e Abreu, para quem a reunião de hoje poderá catalisar projetos a nível local, regional e interregional assentes na utilização de dados Sentinel, do programa Copernicus, que já tem mais de dois mil utilizadores inscritos.
O Sentinel é um projeto levado a cabo pela Agência Espacial Europeia (ESA), operacionalizado com dois satélites que fornecem dados ao Copernicus, um programa da Comissão Europeia que abrange áreas como a atmosfera, mudanças climáticas, gestão de emergência e de segurança, proteção do ambiente, gestão de áreas urbanas, planeamento regional e local, agricultura, turismo, pescas, saúde, transportes marítimos, e alterações climáticas, entre outras.
Brito e Abreu afirmou que o “Governo dos Açores pretende manter o apoio a intercâmbios científicos" em áreas como a monitorização ambiental e a climatologia, a vulcanologia, a sismologia e prevenção de desastres naturais e outras áreas “que beneficiam muito do programa Copernicus e do acesso livre a dados que agora é permitido”.
Na sua intervenção, recordou ainda que tem sido política do Executivo regional a aposta na implantação de infraestruturas tecnológicas, nomeadamente em estações dedicadas ao espaço e à observação da Terra, à climatologia e à deteção de ensaios nucleares.
Nesse sentido, apontou, na Graciosa, a estação ARM (Atmospheric Radiation Measurement) e a estação de infrassons IS42 e, em Santa Maria, a estação de rastreio de satélites da Agência Espacial Europeia (ESA), a estação Galileo Sensor Station (GSS) e o rádio telescópio da Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais (RAEGE).
Brito e Abreu considerou que estas infraestruturas são de "extrema importância” para incluir cientistas e a Região em redes internacionais de áreas estratégicas para os Açores, sublinhando “o potencial económico e de criação de emprego qualificado e novos negócios” que estes projetos trazem ao arquipélago.
“Um dos objetivos do Governo Regional é garantir que os Açores aproveitam a sua localização estratégica, no meio do Atlântico, para desenvolver tecnologias espaciais”, afirmou, acrescentando que os Açores querem “partilhar conhecimento e colaborar cada vez mais com outras regiões europeias”.
Brito e Abreu destacou ainda a importância que o programa Copernicus e os dados Sentinel têm para as regiões europeias, bem como a importância que a política do acesso livre aos dados terá no “desenvolvimento da gestão e do ordenamento do território terrestre e marinho” para as regiões em geral e, em particular, para casos específicos como o de ilhas oceânicas, permitindo monitorizar, acompanhar e estudar os oceanos, a vegetação, zonas costeiras, a atmosfera, bem como as alterações climáticas e ambientais.
Este encontro é o primeiro de três workshops promovidos pela ESA/NEREUS sobre a temática, realizando-se o segundo em Milão, Itália, a 20 de outubro, e o terceiro a 12 de novembro, em Munique, Alemanha.
O relatório final deste workshop será apresentado em Bruxelas.