O Secretário Regional da Agricultura e Ambiente afirmou hoje, na sessão de abertura do seminário Agricultura Familiar versus Agricultura Sustentável, em Angra do Heroísmo, que “falar de agricultura familiar” significa “combate à desertificação das zonas rurais”.
“É também falar de emprego, de coesão social, de salvaguarda ambiental, de criação de riqueza, de melhores condições de vida, e do combate à desertificação das zonas rurais”, realçou Luís Neto Viveiros no segundo seminário promovido nos Açores, no âmbito das comemorações do Ano Internacional da Agricultura Familiar, declarado pela ONU.
Para o Secretário Regional, que considerou ser esta mais uma “oportunidade para refletir, analisar e debater, o papel, a dimensão e a importância da Agricultura Familiar, no Mundo, em Portugal e, muito especialmente, nos Açores”, o saber fazer tradicional e a inovação não são fatores antagónicos.
“Ser agricultor tem sido, ao longo dos tempos, um acumular de técnicas e tradições transmitidas de geração em geração, sempre no seio da família, que hoje importa adaptar, cada vez mais, aos tempos modernos, conferindo-lhes inovação e tecnologia adequadas”, defendeu.
Realçando que “podemos afirmar, com segurança, que praticamente todas as explorações açorianas assentam numa estrutura familiar de exploração agrícola”, Luís Neto Viveiros reafirmou que são “as novas gerações, fortalecidas com o sábio conhecimento e experiência dos mais velhos, que poderão dar um contributo dinâmico, inovador e contínuo ao progresso dos Açores”.
O Secretário Regional recordou na ocasião que para os jovens agricultores “será assegurado um prémio à primeira instalação superior ao do quadro comunitário que finalizou a 31 de Dezembro de 2013, tendo em consideração o esforço de investimento e o nível de formação adquirido”.
“Esta tem sido uma persistente aposta do Governo dos Açores”, traduzida, acrescentou, “no elevado número de projetos de investimento destinados aos jovens agricultores, aprovados no decurso do QCA que terminou e que permitiu a cerca de 170 jovens agricultores estabelecerem-se, beneficiando de mais de 6,1 milhões de euros de prémio à 1ª instalação”.
Luís Neto Viveiros recordou também que os Açores mantêm a mais elevada taxa de jovens na agricultura, quando comparada com a Região Autónoma da Madeira ou com o território nacional do Continente.
A idade média da população agrícola familiar nos Açores, segundo o Censo de 2009, é de 42 anos, contra 52 no território nacional do continente e 46 na Madeira.
“Reitero, também por isso, que estamos confiantes que uma agricultura assente na estrutura familiar, protagonizada por jovens agricultores, alicerçada em estruturas produtivas ambientalmente sustentáveis, modernizadas e rentáveis que permitam obtenção de produtos de qualidade, poderá ser a chave do sucesso e com ela daremos o nosso pequeno contributo perante o desafio de alimentar”, disse.
Considerando que “a pecuária é, e certamente será no futuro próximo, a principal fonte de rendimento dos agricultores e, consequentemente, a base da economia” regional, o governante frisou que “não podemos descurar as outras culturas para as quais os Açores também concedem uma história e condições edafo-climáticas privilegiadas”.
Nessa perspetiva, Luís Net Viveiros defendeu que “importa reverter a nossa dependência do exterior, aumentando a produção nos Açores, com reconhecida qualidade, e que tem por base, precisamente, a agricultura familiar”.
Procurando ainda, acrescentou, “conquistar novos mercados por via da qualidade, garantindo maiores rendimentos e contribuindo, assim, decisivamente, para a criação de mais emprego ou auto-emprego, outro desafio que consideramos que a agricultura açoriana está apta a vencer.