Angra do Heroísmo, 23 jan (Lusa) - O Governo Regional dos Açores anunciou hoje a criação de prémios bianuais de pintura, arquitetura e humanidades, com nomes de três figuras de relevo nestas áreas, nascidas no arquipélago.
"O objetivo destes prémios é promover a criatividade nos Açores", salientou o secretário regional da Educação, Ciência e Cultura, Luiz Fagundes Duarte, numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo que contou com a presença de familiares dos artistas que dão nome aos prémios.
O prémio de humanidades, destinado não só à literatura, mas aos trabalhos que demonstrem criatividade através da escrita, terá o nome do escritor Daniel de Sá, natural da Ribeira Grande, na ilha de S. Miguel.
Na arquitetura, serão premiadas obras de recuperação de imóveis históricos que se localizem em centros classificados ou que tenham interesse patrimonial. O prémio terá o nome do arquiteto Paulo Gouveia, natural de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
Para Luiz Fagundes Duarte, o prémio pretende, neste caso, "incentivar" tanto arquitetos, como proprietários, a recuperarem os edifícios históricos, em vez de os destruírem para criarem algo de raiz, podendo igualmente "contribuir para o repovoamento dos centros históricos" das vilas e cidades açorianas.
O prémio de pintura terá o nome de António Dacosta, também nascido em Angra do Heroísmo, que faria este ano 100 anos.
Luiz Fagundes Duarte anunciou que a região vai assinalar o centenário do nascimento do pintor com várias atividades ao longo do ano, como conferências e exposições, que circularão por todas as ilhas e serão apresentadas, sobretudo, junto dos públicos escolares.
Será ainda lançada uma coleção de pacotes de açúcar com fotografias de obras de António Dacosta, o que, segundo o secretário regional é uma forma de "incentivar as pessoas a visitarem os museus".
"Os cafés são lugares de convívio da população sem distinção de classe social ou de interesses culturais. É uma ideia interessante associarmos uma empresa regional, no caso uma empresa produtora de açúcar, com as artes plásticas", frisou.
Para Luiz Fagundes Duarte, a associação do nome destes artistas aos prémios que serão agora atribuídos é também "uma maneira de a região homenagear com dignidade personalidades de relevo regional, nacional e internacional, que dignificam os Açores e que devem ser conhecidas da população açoriana".
Os prémios, no valor de 12 mil euros, destinam-se a artistas açorianos ou que residam nos Açores e os regulamentos serão publicados na sexta-feira, em jornal oficial.
Os projetos serão apreciados por um júri independente do Governo Regional, mas Luiz Fagundes Duarte salientou que o nível de exigência será elevado para "fomentar a qualidade".
Os prémios de humanidades, arquitetura e pintura repetem-se de dois em dois anos, em anos pares, mas nos anos ímpares serão atribuídos prémios noutras áreas, a definir anualmente.
Questionado, à margem da conferência de imprensa, sobre alegadas irregularidades no sistema de empréstimo de manuais escolares, denunciadas pelo Bloco de Esquerda, Luiz Fagundes Duarte recusou falar sobre o assunto.
"Oportunamente o Governo [Regional] assumirá as suas posições sobre esta matéria, que de resto já são públicas", frisou.