Investigadores da Universidade dos Açores estimam conseguir erradicar as térmitas das habitações do Bairro de Santa Rita, na Praia da Vitória, até 2020, num projeto financiado pelo município e pelo Governo Regional.
"A expectativa para este caso, em que se iniciou o estudo e a erradicação em 2014, é de que em 2020 poderemos, se tudo correr bem, erradicar nesta zona concreta", salientou, hoje, em declarações aos jornalistas, Paulo Borges, investigador da Universidade dos Açores e coordenador científico do projeto, numa visita ao Bairro de Santa Rita.
O Governo Regional investiu cerca de 70 mil euros e a autarquia da Praia da Vitória mais de 20 mil euros, mas, segundo o vereador Osório Silva, os resultados estão próximos do objetivo traçado.
"Em mais de 90% das habitações já foi possível erradicar a térmita subterrânea. Neste momento os técnicos municipais na área da biologia vão continuar a fazer um acompanhamento de monitorização, dado que há ainda uns pequenos focos que merecem essa vigilância", salientou.
De acordo com Paulo Borges, ao contrário da térmita de madeira seca, a biologia da espécie detetada no Bairro de Santa Rita - a térmita subterrânea norte-americana - e o facto de a praga estar confinada a espaço limitado permitem a erradicação num prazo curto de tempo.
Os técnicos da autarquia, os investigadores da Universidade dos Açores e uma empresa espanhola especialista no combate às térmitas montaram cerca de três centenas de armadilhas no interior e no exterior de mais de 50 habitações, mas a praga estava concentrada sobretudo em oito moradias.
As térmitas subterrâneas só foram detetadas no Bairro de Santa Rita por volta de 2006/2007, mas os investigadores da universidade encontraram armadilhas deixadas pelos norte-americanos, que construíram as habitações para os militares da base das Lajes residirem e nunca informaram as autoridades portuguesas da existência da praga no local.
Nos Açores, estão identificados três tipos de térmitas: a térmita de madeira seca, a térmita de madeira viva e a térmita subterrânea, que se divide em duas espécies. A americana só foi detetada no Bairro de Santa Rita e a europeia na cidade da Horta.
Segundo Paulo Borges, a térmita subterrânea é mais fácil de controlar, porque vive no solo, mas usa a madeira das habitações como recurso alimentar, provocando, por isso, igualmente danos avultados.
Já o controlo da térmita da madeira seca é um processo "muito lento" e mais dispendioso, porque é feito através de obras individuais nas habitações, com apoios do Estado, "não havendo um processo de contenção planeado e programado".
"Existe um projeto que nós estamos na universidade a liderar, que tem um tempo de 10 a 15 anos, em que estamos a tentar realizar para o Governo Regional o mapeamento mais detalhado de todas as zonas onde temos térmitas de madeira seca e apresentamos estratégias para eliminar em determinadas zonas, com menos custos, essa térmita. Nunca será erradicar, será com investimentos públicos e privados tentar eliminar o máximo de situações", frisou Paulo Borges.
Atualmente, existem térmitas identificadas em seis das nove ilhas dos Açores (Santa Maria, São Miguel, Terceira, São Jorge, Pico e Faial).