“Habitats costeiros – costa sul da Terceira”, Baía das contendas
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No passado dia 25 de Maio, a Ecoteca da Terceira / Parque Natural da Terceira orientou um grupo de 30 escoteiros de diferentes agrupamentos e níveis do CNE (Corpo Nacional de Escutas), ao longo de parte do Trilho das Contendas, freguesia de São Sebastião, no âmbito do Programa Açores entre Mares e do Dia Europeu dos Parques Naturais. Procurou-se uma intervenção concertada com a entidade responsável que possuía o seu próprio traçado temático para o dito passeio, em torno da figura de São Francisco de Assis, patrono dos lobitos (primeira etapa da escalada escutista rumo ao patamar derradeiro de chefe). Assim, em certos pontos da caminhada procedeu-se à leitura de apontamentos biográficos do poverello de Assis, ao cargo de um pioneiro que, cumprindo a tarefa a preceito, envergava figurino, incluindo tonsura, excetuando os pés descalços por uma questão de segurança. Paralelamente, os técnicos da ecoteca abordavam outros temas, de foro ambiental e cultural, em particular a importância da conservação daquele sítio enquanto habitat privilegiado para espécies de avifauna marinha (garajau rosado, garajau comum, cagarro). Naturalmente, estando em presença de matos costeiros macaronésicos, fez-se referência aos respetivos serviços prestados ao ecossistema pela flora ocorrente (sobretudo urze e faia da terra) enfatizando a problemática das espécies invasoras tais como o incenso, com uma expressão massiva naquela zona. Em suma, procurámos, a partir dos recursos biológicos ocorrentes naquela zona do Parque Natural da Terceira, perpassar a ideia do equilíbrio dinâmico que rege o funcionamento dos ecossistemas, realçando o poder e consequente responsabilidade do Homem na manutenção desse equilíbrio. No desfecho da atividade, instalou-se determinado ambiente cerimonial, em jeito de compromisso público para a proteção dos animais e das plantas e de todas as criaturas vivas e inanimadas, aproveitando a instalada energia franciscana que tudo designa de irmão ou irmã. Em conclusão, o carisma franciscano adequa-se perfeitamente à ideia de sustentabilidade, não tanto por um amor abstrato à natureza mas pela situação concreta de fazer mais com menos ou, se quisermos ir ao âmago da radicalidade franciscana, de fazer tudo com nada. Não sendo uma prática ao nosso alcance, nos dias que correm, é – devia ser - um princípio.
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