A ilha do Corvo apresenta um comprimento máximo de 6,3 quilómetros, na direção norte-sul, e uma largura de cerca de 4 quilómetros, na direção este-oeste. Tem uma superfície total de 17,12 km2, com uma clara assimetria na sua configuração relativamente ao posicionamento da caldeira do vulcão central, que evidencia o claro predomínio de uma erosão marinha de direções noroeste e oeste.
Pela extrapolação das dimensões da caldeira e a análise das imponentes arribas oeste e norte, poder-se-á estimar uma área de cerca de 28 km2 para a configurarão inicial da ilha do Corvo, anterior a uma atuação mais intensa dos processos erosivos marinhos.
Essa assimetria está bem patente nos perfis norte-sul, este-oeste e nordeste-sudoeste da ilha, com os flancos noroeste e oeste do vulcão central bastante abruptos e em claro contraste com os flancos leste e sul, de declives mais suaves e que se apresentam recortados por uma rede de drenagem de padrão radial centrífugo, localmente condicionado por falhas radiais que afetam o vulcão central. A erosão marinha afetou, sobretudo, os setores onde existem os depósitos piroclásticos mais significativos da ilha. Importantes movimentos de massa contribuem, igualmente, para o recuo dessas arribas, eventualmente, em conjugação com algum controle de natureza tectónica.
O Corvo é morfologicamente dominado pelo seu vulcão central, com um diâmetro médio de 5 quilómetros ao nível do mar, no topo do qual existe uma caldeira de subsidência elíptica, com uma profundidade máxima da ordem dos 300 m. É no bordo sul deste vulcão que se encontra o ponto mais elevado da ilha, o Estreitinho, com 718 metros.
Zonamento da Reserva da Biosfera
Ecossistemas
Ao nível dos ecossistemas, o Corvo apresenta uma grande diversidade paisagística, com destaque para o Caldeirão, paisagem muito particular e bastante típica em termos geomorfológicos, formada por uma vasta caldeira vulcânica. A caldeira do Caldeirão constitui uma depressão fechada, no fundo da qual se formaram duas lagoas, alimentadas pela água das chuvas, pela água acumulada nos espessos tufos de musgão (turfeiras) existentes nas vertentes viradas a norte da referida estrutura e pela condensação da humidade atmosférica. É de salientar que as maiores e mais antigas turfeiras do país existem nas ilhas do Corvo e Flores que, para além de constituírem um refúgio de espécies endémicas, são uma fonte de suporte hídrico dessas ilhas.
Espécies
Relativamente à biodiversidade, a ilha do Corvo apresenta uma significativa riqueza de flora terrestre endémica, registando-se 95 endemismos, dos quais 59 são do arquipélago dos Açores, 19 da Macaronésia e 17 da Europa. Também se encontram invertebrados endémicos que conferem a esta ilha uma riqueza particular.
Em termos de artrópodes terrestres estão registados 24 endemismos dos Açores e seis da Macaronésia. Ocorrem também seis moluscos terrestres endémicos (cinco dos Açores e um da Macaronésia). Em termos de avifauna estão registadas oito subespécies endémicas dos Açores e uma subespécie endémica da Macaronésia.
O Corvo apresenta áreas de relevância internacional por nidificarem importantes espécies de aves, estando muitas delas constantes no Anexo I da Diretiva Aves. Dada a sua posição geográfica, localizada sobre a Placa Tectónica Norte-americana (tal como a ilha das Flores), situando-se quase a igual distância da Península Ibérica e da Terra Nova, aparecem na ilha, com frequência, aves migradoras acidentais oriundas da América do Norte e do Ártico, que encontram no Corvo condições para descansar e se alimentar.
Para completar a riqueza de endemismos que a ilha apresenta, salienta-se também a existência de duas espécies de morcego, uma endémica dos Açores e outra da Macaronésia.
Processo de Candidatura
Consulte abaixo os documentos constituintes da candidatura da ilha do Corvo a Reserva da Biosfera:
> Ilha do Corvo - Candidatura a Reserva da Biosfera - PT
Plano de Ação da Reserva da Biosfera do Corvo
De acordo com o artigo 52.º do Decreto Legislativo Regional n.º 15/2012/A, de 2 de abril, cada Reserva da Biosfera é dotada de um plano de ação, aprovado por portaria do membro do Governo Regional competente em matéria de ambiente, do qual devem constar as ações a desenvolver e um programa de educação ambiental específico, bem como as ações de promoção interna e externa necessárias para a realização dos objetivos fixados para as reservas da biosfera no âmbito do Programa MAB da UNESCO.
Em 2020, foi aprovado por portaria o Plano de Ação da Reserva da Biosfera do Corvo que desenvolve abordagens socioeconómicas que, aliando conhecimentos científicos e estratégias de governança, pretendem reduzir a perda de biodiversidade e melhorar os níveis de subsistência das populações nas áreas integradas nas respetivas Reservas da Biosfera, favorecendo as condições socais, económicas e culturais essenciais à viabilidade do desenvolvimento sustentável desses territórios, no âmbito do Programa MAB da UNESCO e da marca Biosfera Açores.
Consulte abaixo a portaria que aprovou o Plano de Ação da Reserva da Biosfera do Corvo:
> Ilha do Corvo - Plano de Ação da Reserva da Biosfera - PT