O Secretário Regional do Ambiente e do Mar, Álamo de Meneses, presidiu este domingo à cerimónia de inauguração da II fase da obra de recuperação das Levadas, parte integrante do Parque Natural de Ilha do Faial.
O parque conta com sete trilhos pedestres, nos quais se integra o circuito pedestre das Levadas que foi alvo de trabalhos de requalificação pelo Governo dos Açores, através da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, em parceria com a Empresa de Eletricidade e Gás (EEG) do grupo EDA.
O trilho encontra-se inserido na Área de Paisagem Protegida da Zona Central. Este circuito apresenta especial interesse pelas suas características no que se refere à flora, à fauna e à geologia, bem como pela sua importância hidroelétrica para a ilha.
A central hidroelétrica foi inaugurada em 1964, pelo então Ministro das Obras Públicas, Arantes de Oliveira. Na época, a produção e a exploração da central ficaram a cargo da Câmara Municipal da Horta, passando, em 1982, para a responsabilidade da EDA (Empresa de Eletricidade dos Açores).
Em 1998, a central sofreu algumas danificações com o sismo que ocorreu nessa data. A levada (canal) estendeu-se, outrora, por 9,5 quilómetros de comprimento e recolhia água proveniente de várias zonas da ilha do Faial. Atualmente, apenas uma extensão de 4,5 quilómetros da levada se encontra em funcionamento.
O percurso pedestre é de fácil e livre acesso, iniciando-se junto ao tanque de água do Capelo e, após a inauguração desta segunda fase, apresenta uma extensão de 6,1 quilómetros, com um grau de dificuldade baixo (ida e volta, 12,2 quilómetros).
Ao longo de todo o trilho é possível observar a flora Laurissilva, onde se destacam o louro (Laurus azorica), o sanguinho (Frangula azorica), a uva-da-serra (Vaccinium cylindraceum), e o cedro-do-mato (Juniperus brevifolia).
Neste local existe ainda uma rica variedade de fetos, onde se diferencia o feto-do-cabelinho (Culcita macrocarpa), por possuir um rizoma grosso com pêlos avermelhados e finos que outrora eram usados para o enchimento de almofadas.
Ao longo do percurso é possível ainda contemplar o antigo escoamento lávico da erupção de 1672, mais conhecido por “Mistérios do Capelo”.
As espécies faunísticas possíveis de observar são essencialmente aves dos Açores, como o melro-preto (Turdus merula azorensis), a estrelinha (Regulus regulus inermis) e o tentilhão (Fringilla coelebes moreletti).
Pode também observar-se o alinhamento de cones do Complexo Vulcânico do Capelo, um sistema fissural, instalado numa zona de fratura, com orientação aproximadamente Oeste-Este.