As espécies endémicas dos Açores não têm características genéticas isoladas de ilha para ilha, o que vai permitir um trabalho contra a extinção de algumas em risco, repovoando onde é necessário, mesmo com plantas oriundas de uma ilha diferente.
Esta é a principal conclusão de um estudo, encomendado pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar à Universidade dos Açores, denominado “Caracterização molecular das espécies endémicas Juniperus brevifolia (cedro do mato) e Picconia azorica” (pau branco), em que foi utilizada tecnologia recente.
O Secretário Regional do Ambiente e do Mar, que esteve presente na apresentação das conclusões do trabalho hoje, em Angra do Heroísmo, disse aos jornalistas que este conhecimento científico é de “extrema importância” para a preservação da biodiversidade no arquipélago.
Conforme explicou Álamo Meneses, “um dos problemas mais complexos da manutenção da biodiversidade é saber até que ponto é que se irão misturar as diversas populações existentes, sem que daí resulte erosão genética ou seja, sem que haja uma perda da diversidade”.
Segundo acrescentou, era admissível supor que, “ao longo dos milénios” pudesse ter havido algum isolamento genético entre a população de um determinado território e a de outro.
No entanto, acrescentou, “o trabalho que tem vindo a ser realizado pela Universidade dos Açores nessa matéria permite demonstrar que essa diferenciação não existe”, pelo que “é seguro e até aconselhável” o transporte de plantas (ou animais) entre ilhas, “porque isso não vai levar a perda de diversidade”, antes, pelo contrário, “aumentar a diversidade genética de cada uma das populações, conferindo-lhes uma maior capacidade de sobrevivência em termos de futuro”.
Álamo Meneses sublinhou que “é fundamental para os Açores que haja segurança nesta matéria e que sejamos capazes de criar populações de endémicas suficientemente grandes e suficientemente diversas, que garantam a continuidade da existência das espécies”.