As espécies de aves ameaçadas em Portugal e na Europa mantêm-se na lista atualizada da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), e o priolo, águia-imperial e pardela-balear continuam a precisar de ajuda para preservação.
A nova versão da Lista Vermelha da UICN hoje publicada revela que as aves da Amazónia estão cada vez mais ameaçadas, mas para a Europa, "as principais diferenças nesta atualização anual não têm muitas consequências", disse à agência Lusa o diretor executivo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).
"Ao nível das espécies de Portugal e da Europa, mantém-se tudo mais ou menos na mesma porque as grandes alterações foram há um ou dois anos", explicou Luís Costa, referindo o exemplo da retirada do priolo dos Açores da lista, uma espécie que estava "criticamente em perigo", ou seja, podia extinguir-se a qualquer momento, passando para "em perigo", o que se deve "aos trabalhos de recuperação em parceria" com o governo açoriano.
A pardela balear, uma espécie de ave marinha que ocorre na nossa portuguesa, ainda mantém o estatuto "perigo de extinção".
Como exemplos de sucesso, o responsável da SPEA referiu o priolo dos Açores, a águia imperial, que regressou a Portugal, e a freira da Madeira.
A espécie priolo dos Açores "estava restrita a cerca de 200 casais, numa zona muito pequena na ilha de S. Miguel e, com o projeto Life priolo, conseguimos ampliar a população para cerca de 1.600 indivíduos", com a recuperação do habitat e o envolvimento das comunidades locais, um projeto premiado pela União Europeia.
Outro caso, que tem a ver com Espanha, é a águia imperial, uma espécie que "teve uma população muito pequena". O esforço, "sobretudo da Sociedade Espanhola de Ornitologia, permitiu que a espécie recuperasse bastante, aumentasse a área de distribuição e voltasse a Portugal", depois de estar extinta nas últimas décadas, relatou Luís Costa.
Luís Costa alertou que, em Portugal, aves como a betarda e o sisão "continuam a ser alvo de grande preocupação".
Algumas espécies ausentes da lista "poderão vir a estar, se continuarem a diminuir tanto", como a rola, ave do ano para a SPEA que pede a suspensão da sua caça, pois nos últimos 20 anos desapareceu 70% da população na Europa.
"Em todo o mundo, veio a notar-se a ameaça de algumas espécies em ilhas e na Amazónia", sobretudo no Brasil, área onde se viu mais espécies entrarem em estado crítico de ameaça de extinção, referiu Luís Costa.
As ilhas são mais vulneráveis por serem territórios de menores dimensões nos quais a entrada de espécies exóticas ou outra ameaça têm mais impacto.A atualização da Lista Vermelha abrange todas as mais de 10 mil espécies de aves existentes no mundo e revela situações preocupantes, como dos patos-rabilongos do Báltico, mas também de recuperação como do kakerori das ilhas Cook, no Pacífico, uma das aves mais raras do mundo.Do total de espécies referidas, têm estatuto de extinto 130, extinto em selvagem quatro, criticamente em perigo 197, ameaçado 389, vulnerável 727, quase ameaçado 880 e pouco preocupante 7.677.