O arquipélago dos Açores, constituído por 9 ilhas e alguns ilhéus, resultado de mecanismos sísmicos e vulcânicos particulares, localiza-se em pleno Oceano Atlântico, o que lhe confere condições particularmente importantes e especiais.
Com efeito, a localização geográfica e as características geofísicas e edafoclimáticas do arquipélago, modeladas pela intervenção humana, deram origem a uma variedade de ecossistemas e paisagens que proporcionam a existência de um interessante número de habitats que albergam uma grande diversidade de espécies, incluindo endemismos (ou seja, espécies que apenas ocorrem nas ilhas dos Açores) e espécies-relíquia do ponto de vista biogeográfico e/ou genético.
A diversidade de organismos do arquipélago dos Açores é de 8047 taxa (espécies e subespécies).
Ao nível do meio terrestre e dulçaquícola existem 6164 taxa, sendo 452 endémicos.
Dos 1110 taxa de plantas vasculares existentes conhecem-se 73 endemismos.
Em relação aos Moluscos são conhecidos 114 taxa, sendo 43 endémicos. Para os vertebrados contabilizam-se cerca de 71 taxa, sendo 12 endémicos.
No entanto, são os artrópodes que constituem o grupo de organismos terrestres mais diverso, e que também se encontra disperso em todas as ilhas dos Açores, com 2298 espécies e subespécies contadas, das quais 266 endémicas.
É sabido que a biodiversidade ou diversidade biológica é particularmente importante, não só no plano ecológico mas também no plano do desenvolvimento económico e social, por o que os recursos biológicos representam em termos económicos, sociais, culturais, recreativos, estéticos, científicos e éticos. A espécie humana depende desses recursos para a sua própria sobrevivência uma vez que, além do seu valor intrínseco, a biodiversidade cria “valor” através de serviços ecossistémicos (por exemplo fornecendo alimentos e água, oferecendo uma proteção natural contra inundações e tempestades e regulando o clima), devendo por isso ser capaz de promover uma utilização sustentável, isto é, que garanta a sua perenidade.
Apesar do reconhecimento da importância fundamental da biodiversidade, inclusivamente ao nível da EU tem sido uma prioridade fundamental em matéria de ambiente, esta tem vindo a perder-se. A consciência do problema da perda e redução da biodiversidade está patente sobretudo desde as últimas décadas do século XX. Esta perda tem vindo a assumir proporções nunca antes atingidas, ao ponto de ser reconhecida a necessidade de uma ação internacional e a larga escala para a preservar. A nível mundial têm sido envidados esforços para reduzir essa perda e até a Assembleia Geral das Nações Unidas também declarou 2011-2020 como a Década das Nações Unidas para a Biodiversidade.
Como é sabido, desde os tempos de Wallace e Darwin (século XIX) que as ilhas oceânicas são reconhecidas como laboratórios biológicos. As características de isolamento dos sistemas insulares proporcionam condições evolutivas excecionais aos ecossistemas e espécies que os povoam. No entanto, este aspeto também torna-os mais frágeis e sensíveis a perturbações várias, sobretudo à invasão de espécies exóticas e às grandes alterações ambientais, nomeadamente as provocadas pelo Homem.
Sendo a singularidade dos nossos habitats e espécies, bem como a sua representatividade e estado de conservação bem patentes e reconhecidos, até ao nível internacional, importa estarmos conscientes dos valores da biodiversidade e das atitudes que podemos tomar para a conservar e usar de forma sustentável.
Como cidadãos responsáveis pelas futuras gerações, importa haver empenho e intensificação da nossa contribuição para evitar a perda de biodiversidade a nível mundial.