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Ilha do Pico 02-11-2012

NO INÍCIO TUDO ERA NADA


á aproximadamente 200 milhões de anos, no Triássico, o continente “Laurásia” já se encontrava separado do continente oposto “Gondwana”, existindo entre ambos uma enorme separação, o proto-oceano Atlântico. O alargamento do atual Atlântico prosseguiu, e continua a prosseguir, conduzindo à segmentação da Crista Média do Atlântico (atualmente passa entre as Flores e o Faial) com enormes linhas de fraturas. Há cerca de 38 milhões de anos, na sequência desse afastamento violento e irregular, sensivelmente a meio do Atlântico Norte, surgiu um novo território vulcânico submarino, de contorno grosseiramente triangular, a Microplaca dos Açores ou, também designada, Plataforma dos Açores. Desse território em expansão resultaram, ao longo de fraturas transformantes-convergentes, erupções que geraram ilhas, muitas entretanto desaparecidas, e as atuais dos Açores.
Os Açores constituíram-se ao longo de várias fases eruptivas (separadas por extensos períodos de repouso), formando complexos vulcânicos por ilha. As suas rochas mais antigas datam de somente 8.12 milhões de anos, presentes na ilha de Santa Maria. Nessa altura de génese as ilhas estão desprovidas de solo ou qualquer atividade biológica. No início tudo era nada.
O aparecimento de vida em ilhas de origem vulcânica, especialmente as oceânicas muito isoladas como são as dos Açores, tem despertado desde sempre o interesse pelos cientistas. A distância física a áreas continentais e o “mar” de águas que rodeiam o arquipélago condicionaram particularmente a sua história natural, designadamente os seus processos de colonização e evolução das comunidades vegetais e animais. Os primeiros organismos vivos a instalarem-se nos Açores, tiveram de ser capazes de superar esse isolamento biogeográfico.
Os mecanismos naturais de proveniência dos diferentes seres vivos nas ilhas são complexos, exigindo soluções particulares de migração a longa distância pelo ar ou pelo mar. Os primeiros organismos vivos (oriundos das costas europeias e africanas, arquipélago da Madeira e continente americano) foram trazidos pelo vento (em suspensão nas massas de ar), pelas correntes marítimas (através de “jangadas” flutuantes que deram às costas açorianas) e, principalmente, pelas aves migradoras (no estômago e presos às penas).
Nas lavas recentes, sem qualquer tipo de solo, iniciam-se as sucessões primárias onde se dá a primeira colonização por espécies pioneiras, nomeadamente, líquenes e briófitos, que são posteriormente substituídos por outras entrando-se num processo de sucessão ecológica.  

Autor: Direção Regional do Ambiente – Paulo Pimentel e Maria José Bettencourt

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