O Governo dos Açores procedeu a um investimento global de cerca de 150 mil euros que permitiu a abertura do trilho da Levada, no Faial, um percurso de oito quilómetros que dá acesso à maior obra de engenharia hidráulica dos Açores, executada na década de 60 do século passado, e que passa a integrar a rede de percursos pedestres homologados do arquipélago, com mais de 60 trilhos.
O novo trilho, cuja abertura foi hoje assinalada pelos diretores regionais do Ambiente, Hernâni Jorge, e do Turismo, João Bettencourt, desenvolve-se ao longo do percurso de uma conduta de água (levada), destacando-se pela flora, fauna e geologia que apresenta.
Hernâni Jorge salientou que a intervenção ali realizada foi desenvolvida de forma faseada, “reabilitando mais de quatro quilómetros da caleira bastante afetados por derrocadas causadas pelo sismo de 1998, e recuperando, com todas as condições de segurança, uma dúzia de pontes (passagens hidráulicas)”.
“Para além do investimento referido, a limpeza do trilho e da caleira contou ainda com a intervenção de operacionais do Parque Natural do Faial, ao longo de cerca de sete meses”, acrescentou.
Por seu lado, João Bettencourt realçou “a qualidade e segurança” da rede regional de trilhos homologados, salientando que “os percursos pedestres são um dos principais cartazes do turismo de natureza que os Açores oferecem”.
A Levada do Faial, inaugurada em 1964, foi considerada a maior obra de engenharia hidráulica dos Açores, tendo demorado quatro anos a ser construída e sete a ser planeada, tendo como principal objetivo a produção de energia hidroelétrica, recolhendo a água em vários pontos ao longo do percurso.
Neste trilho, os caminhantes podem observar várias espécies de fauna caraterística dos Açores, como a Galinhola (Scopolax rusticula), o Melro-Preto (Turdus merula azorensis), a Estrelinha (Regulus regulus inermis) e o Tentilhão (Fringilla coelebes moreletti).
No que respeita à flora, podem ser encontradas também várias espécies da Região e da Floresta Laurissilva, como é o caso do Louro (Laurus azorica), do Sanguinho (Frangula azorica), do Azevinho (Ilex azorica) e da Uva-da-Serra (Vaccinium cylindraceum).
Outras espécies de elevado interesse, como o Tamujo (Myrsine retusa), o Sargaço (Luzula purpureosplendens), a Cavalinha (Equisetum telmateia) e o Queiró (Daboecia azorica) também podem ser observadas neste trilho, assim como uma grande variedade de fetos.
Ao longo da Levada, inserida no complexo vulcânico mais recente da ilha, é ainda frequente a observação do alinhamento de cones que originaram a península do Capelo.
Perto do fim do trilho, existe um grande tanque de retenção das águas trazidas pela levada, com capacidade para 1.400 m3, podendo-se, um pouco mais à frente, subir e visitar o interior de um cone vulcânico repleto de vegetação natural, o Cabeço dos Trinta.