O Secretário Regional da Agricultura e Ambiente destacou hoje, na Horta, a importância do Projeto ROA - Rede de Observação de Aves dos Açores, que prevê a elaboração de um Código de Boas Práticas e de um Guia Ornitológico, bem como o desenvolvimento de roteiros interpretativos por espécies ou habitats para todas as ilhas do arquipélago.
Luís Neto Viveiros, que falava na abertura do seminário ‘Boas Práticas em Turismo Ornitológico’, salientou que o principal objetivo deste projeto é “a valorização do património natural e a promoção de um turismo ornitológico sustentável e responsável nos Açores”.
Para o Secretário Regional, o Projeto ROA, que está a ser desenvolvido pelo Grupo de Aves Marinhas do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, tem “grande importância face ao crescimento que a observação de aves tem por todo o mundo e que se reflete nos Açores”, salientando a mais-valia da criação de “mecanismos de sensibilização do público para o elevado valor ornitológico das ilhas açorianas”.
Na sua intervenção, referiu ainda que este projeto vai também permitir que sejam criados “instrumentos essenciais para o desenvolvimento qualificado e sustentável de uma atividade com forte potencial turístico” na Região.
“A nossa situação geográfica, a meio caminho entre a Europa e a América, faz dos Açores o primeiro ponto de paragem de diversas aves nos seus fluxos migratórios entre continentes”, disse, frisando que o arquipélago “é um local privilegiado para os primeiros avistamentos [de aves]”.
A riqueza da avifauna e a singularidade e a beleza das paisagens oferecem, segundo o governante, “condições ímpares para o desenvolvimento de iniciativas e operações turísticas com este produto de natureza”, salientando que a observação de aves “pode ser desenvolvida ao longo de todo o ano, colmatando a sazonalidade da oferta turística” na Região.
Neto Viveiros defendeu ainda que os trabalhos de desenvolvimento do Guia Ornitológico e de Roteiros Interpretativos por espécies ou habitats vão permitir o desenvolvimento de “estruturas de apoio à observação de aves a executar de forma integrada e em estreita colaboração com os centros e os operadores”.
Nesse sentido, lembrou o projeto de requalificação recente do Morro de Castelo Branco, no Faial, local onde existe a maior colónia de cagarros da ilha, a criação, ainda este ano, de mais um centro de reabilitação de aves selvagens na ilha de São Miguel, a somar aos dois existentes no Corvo e no Pico, bem como a construção de um túnel de voo circular no centro de recuperação da ilha do Pico.
O Secretário Regional anunciou ainda que a linha telefónica SOS Aves, gratuita, está em funcionamento a partir de hoje, 24 horas por dia, para a participação de ocorrências com aves selvagens através do número 800 292 800, tendo também referido a entrega da candidatura ao projeto LIFE à Comissão Europeia no início deste mês.
O projeto LIFE Azores Natura “prevê um vastíssimo conjunto de ações terrestres e marinhas na Área da Rede Natura 2000”, com um financiamento europeu previsto de 15 milhões euros para um período de seis anos (2017-2022), bem como a mobilização de fundos complementares na ordem dos nove milhões de euros.
“Este é o maior projeto de conservação da natureza concebido para a nossa Região que, se vier a ser aprovado, possibilitará um investimento sem precedentes em habitats e espécies protegidas, valorizando um dos principais ativos que é a nossa natureza”, salientou o Secretário Regional.
O workshop ‘Boas Práticas em Turismo Ornitológico’, dinamizado pelo Grupo de Aves Marinhas do Departamento de Oceanografia e Pescas, inclui a realização de saídas de campo e conta com a presença de operadores turísticos, técnicos da administração regional ligados à conservação da natureza, bem como de entidades de conservação de aves selvagens, tendo em vista a discussão de práticas que garantam a sustentabilidade do turismo ornitológico nos Açores, atividade em crescente expansão no arquipélago.