O Diretor Regional do Ambiente sublinhou, em Angra do Heroísmo, a importância da "gestão ativa" do património natural, assente em "políticas públicas de manutenção e recuperação de habitats e espécies, de monitorização e controlo das principais ameaças e de criação de condições que promovam o conhecimento e fruição dos recursos e espaços naturais de forma sustentável”.
Hernâni Jorge, que falava sábado na apresentação do projeto do Centro de Interpretação e Apoio à Visitação do Monumento Natural do Algar do Carvão, salientou que “esta perspetiva constitui uma mudança de paradigma face a uma visão claramente ultrapassada de que a conservação da natureza se faz por decreto, através da mera classificação de áreas protegidas”.
Nesse sentido, destacou o aumento das equipas técnicas e operativas em todas as ilhas e o incremento substancial e progressivo do investimento na conservação da natureza nos Açores, apontando como exemplo o facto de o Plano de Investimentos para 2020 prever uma dotação de 12,3 milhões de euros, o que representa um aumento superior a 70%, comparativamente a 2016.
Para este aumento, contribuem significativamente os três projetos cofinanciados no âmbito do programa LIFE, que representam um investimento direto global de 22,7 milhões de euros durante os respetivos períodos de execução.
Na sua intervenção nesta sessão, que decorreu na sede da associação Os Montanheiros, o Diretor Regional, referindo-se ao papel dos centros ambientais, referiu que, até ao final de novembro, estes espaços foram visitados por 512.655 pessoas, das quais 137.377 acederam às cinco cavidades vulcânicas abertas ao público nas ilhas Terceira, Pico, Graciosa e São Miguel.
Relativamente ao património geológico, Hernâni Jorge afirmou que 2019 fica marcado pela aprovação do Regime Jurídico de Proteção e Classificação das Cavidades Vulcânicas dos Açores salientando que estes habitats únicos ostentam um valioso património geológico e biológico, onde se incluem espécies endémicas troglóbias e diversas estruturas geológicas relevantes, obrigando, por isso, à inventariação e classificação das mais de 300 grutas e algares conhecidos no arquipélago.
Ao mesmo tempo, sublinhou o Diretor Regional, estabelece um conjunto de interdições e condicionantes legais, incluindo a necessidade de elaboração de planos de ação para as cavidades vulcânicas protegidas ou abertas à visitação.
Neste âmbito, “está em curso o processo de recomposição e redefinição do âmbito do Grupo para o Estudo e Salvaguarda do Património Espeleológico dos Açores (GESPEA), com o objetivo principal de acompanhar a elaboração e atualização do Inventário do Património Espeleológico dos Açores”, frisou Hernâni Jorge.
O projeto do Centro de Interpretação e Apoio aos Visitantes do Algar do Carvão visa dotar um dos espaços naturais mais emblemáticos dos Açores de condições dignas para as cerca de 60 mil pessoas que anualmente o visitam.
“Constitui-se como ponto de partida para a exploração e conhecimento do património geológico e biológico presente nesta área protegida”, frisou o Diretor Regional, adiantando que corresponde a um investimento de cerca de 1,5 milhões euros.
O Algar do Carvão está classificado como área protegida desde 1987, primeiro como Reserva Geológica Natural e, desde 2004, como Monumento Natural.