O Secretário Regional Adjunto da Presidência para as Relações Externas afirmou, em Ponta Delgada, que os Açores estão preparados para enfrentar o 'Brexit' e as dificuldades que possam surgir com a saída do Reino Unido da União Europeia.
“Nós não teremos um impacto direto, nós vamos ter impactos indiretos, evidentemente”, salientou Rui Bettencourt, que falava terça-feira no encerramento do seminário ‘Brexit: Oportunidades e Desafios para as PME’s’.
“Os Açores e os empresários açorianos nunca tiveram muitos anos seguidos de negócios fáceis, eles estão habituados às dificuldades”, disse ainda o titular da pasta das Relações Externas.
O governante salientou o facto de os Açores estarem no meio do Atlântico, "numa região dispersa” com cerca de 250 mil habitantes, frisando que se trata de “um mercado económico muito pequeno e muito disperso”, onde existem “nove pequenos mercados, um mercado com 400 pessoas no Corvo, com transportes pelo meio, a 1.500 quilómetros do continente português, a 3.500 de Bruxelas, a 4.000 de Nova Iorque”.
“Nós estamos habituados a essas dificuldades, mesmo num contexto em que nós estamos na crista da onda do turismo, em que nós estamos com um tipo de turismo que é procurado, que é o turismo de natureza, e em que nós temos a segurança que é procurada agora”, frisou o Secretário Regional.
“As dificuldades que podemos ter com o 'Brexit' não nos metem medo, é essa a vantagem que nós temos e a mensagem que eu deixaria”, afirmou Rui Bettencourt.
Na sua intervenção, o titular da pasta das Relações Externas referiu que “a Grã-Bretanha não vai desaparecer, nem sair do mapa”, mas “será um país terceiro, na pior das hipóteses”, e “um país com acordos comerciais que vão continuar, ou seja, os acordos comerciais com a Grã-Bretanha não vão acabar de uma vez só, mas irão ser dificultados”.
O Secretário Regional considerou ainda que “este processo está a ser dramático, sobretudo para a Grã-Bretanha”, por estar a ser “um processo muito difícil, de divisão interna”, onde a incerteza “é o pior fator” que têm pela frente.
"A União Europeia verá uma diminuição do seu espaço comercial e do seu espaço de mobilidade dos cidadãos, e isto entristece-nos, mas temos que seguir em frente", afirmou Rui Bettencourt.
“Devo realçar que há aqui uma questão que merece reflexão também para o resto da União Europeia”, disse ainda o governante, recordando que, no início deste processo, havia a ideia de que o 'Brexit' destruiria a Europa e que também havia outros Estados Membros que já colocavam o desejo de sair, frisando que “o 'Brexit' demonstrou que não” e os outros 27 Estados Membros uniram-se face à desunião dos britânicos, também por grande habilidade política de Michel Barnier, principal negociador da UE para este processo.