A Campanha SOS Cagarro, que já conta com mais de duas décadas de salvamentos, tem como principal objetivo envolver as pessoas e entidades no resgate de cagarros juvenis encontrados junto às estradas e na sua proximidade. Durante os meses de outubro e novembro, os juvenis começam a abandonar os ninhos para os seus primeiros voos e ficam muitas vezes perturbados pela iluminação pública, caindo em locais expostos, como estradas, tornando-se assim vulneráveis ao atropelamento por veículos em circulação e à predação. A campanha pretende então minimizar o impacto das atividades humanas nos juvenis de cagarros, permitindo que eles façam a sua migração de milhares de quilómetros, para as zonas de invernagem a sul, e um dia regressem às suas ilhas de origem, quando adultos, para se reproduzirem.
A Secretaria Regional do Mar, Ciência e Tecnologia, através da Direção Regional dos Assuntos do Mar, com o apoio da Direção Regional do Ambiente e de parceiros institucionais como os Parques Naturais de Ilha e a Azorina, S.A., promove anualmente a Campanha SOS Cagarro, visando alertar a população açoriana e visitantes para a necessidade de preservação desta espécie protegida que nidifica nos Açores. A Campanha SOS Cagarro decorre normalmente entre 15 de outubro e 15 de novembro e está organizada em 2 vertentes: a de Educação Ambiental e a de Conservação da Natureza.
Na vertente de educação ambiental foram desenvolvidas diversas ações, como exposições, percursos pedestres, sessões em escolas, sessões informativas sobre a anilhagem e libertação de cagarros junto à costa, ações conjuntas com a PSP, GNR e Escuteiros para sensibilização dos condutores, etc. As brigadas noturnas de resgate de aves caídas e as sessões intensivas de anilhagem e de libertação das aves, são as atividades de conservação da natureza da Campanha SOS Cagarro. Este ano foi implementada pela primeira vez uma metodologia mais objetiva de recolha de informação sobre estas aves, através de brigadas científicas, em colaboração com a Universidade dos Açores, os Parques Naturais de Ilha, organizações não governamentais e outras entidades e pessoas que aderiram a esta iniciativa de ciência pública. Os dados assim coligidos permitirão ter uma abordagem científica, para compreendermos melhor este fenómeno ao longo dos anos.
Como em anos anteriores, foram também organizadas: brigadas noturnas de salvamento de cagarros em todas as ilhas; colocadas placas de sinalização em estradas; iniciativas de recuperação de aves feridas, incluindo a transferência de aves feridas para centro de reabilitação quando possível; e anilhagem de aves para facilitar o estudo da espécie e saber se as mesmas regressarão aos Açores. Algumas das aves encontradas mortas foram recolhidas e conservadas, em colaboração com a Lotaçor, para depois ser estudado o seu conteúdo estomacal e melhor se conhecer como esta espécie esta a ser afetada pelo lixo marinho. Para uma melhor comunicação entre a comunidade e as entidades promotoras, como os Parques Naturais, foi disponibilizada uma Linha SOS Cagarro (funcionamento das 9h00 às 22h00, todos os dias) que prestou o apoio à campanha. Todas as aves salvas no âmbito da campanha foram libertadas.
Este ano pretendeu-se também que a Campanha SOS Cagarro se assumisse como uma atividade participativa de ecoturismo, promovendo os Açores como destino sustentável, através de ações inclusivas de conservação ambiental. Nesse sentido, e em parceria com a Associação de Turismo dos Açores (ATA), os agentes turísticos da Região foram sensibilizados para divulgarem esta iniciativa, incentivando os turistas pudessem participar ativamente na campanha e contribuir para a proteção desta ave marinha. A Rent-a-Car Ilha Verde associou-se igualmente a esta iniciativa como parceiro de divulgação, um pouco por todo o arquipélago, enquanto a Atlânticoline, além da divulgação da campanha no triângulo, estabeleceu um protocolo para transporte gratuito de aves feridas das Ilhas do Faial e de São Jorge para o Centro de Reabilitação de Aves Selvagens do Pico, com o intuito de serem recuperadas e posteriormente libertadas.
Como todos os anos, foram tomadas medidas para a redução da iluminação pública, principalmente nos locais identificados em anos anteriores como sendo os mais críticos, e que conta com a colaboração das entidades responsáveis por pontos de poluição luminosa, como as Câmaras Municipais, EDA e Portos dos Açores.
De acordo com os dados ao dia de hoje, a Campanha SOS Cagarro deste ano conta com mais de 6100 cagarros salvos, tendo sido registados, até ao momento, 220 cagarros mortos e 82 feridos. Contabilizámos 561 brigadas, que envolveram 148 parceiros e cerca de 3100 pessoas, entre voluntários e público-alvo de ações de sensibilização. Foram organizadas 63 brigadas científicas, em 7 ilhas. Anilharam-se cerca 1321 aves. Como referido estes são valores preliminares, em atualização. Visite o site do SOS Cagarro nos próximos dias onde serão apresentados os valores finais.
O empenho e a participação de todos os voluntários e parceiros foram mais uma vez exemplares e decisivos para o sucesso da campanha. O SOS Cagarro não teria certamente esta expressão sem o envolvimento extraordinário dos Parques Naturais de Ilha, da Polícia de Segurança Pública, da Guarda Nacional Republicana, dos Bombeiros Voluntários das diferentes ilhas e concelhos, dos veterinários dos Serviços de Desenvolvimento Agrário e particulares e das Organizações Não Governamentais de Ambiente (como o Observatório do Mar dos Açores, a SPEA, a Gê-Questa, o Centro de Ciências de Angra do Heroísmo, os Montanheiros, os Amigos dos Açores, os Amigos do Calhau, entre outras). Um especial agradecimento à divulgação da campanha pela RTP Açores, estações de rádio e TV locais na internet e outros órgãos de comunicação social regionais, ATA, Atlânticoline, Ilha Verde e Azores Airlines.
A todos muito obrigado por fazerem do SOS Cagarro a maior campanha pública de conservação ambiental do país!