A Secretaria Regional do Mar, Ciência e Tecnologia, através da Direção Regional dos Assuntos do Mar realizou, no passado dia 13 de outubro, no Oceanic Café, na cidade da Horta, a sessão de abertura da Campanha SOS Cagarro do presente ano, a maior e mais antiga campanha de educação e conservação ambiental dos Açores, a qual decorre até 15 de novembro em todo arquipélago.
No Oceanic Café, na cidade da Horta, a Direção Regional dos Assuntos do Mar promoveu a sessão de abertura da Campanha SOS Cagarro do presente ano, a qual decorrerá até 15 de novembro em todo arquipélago.
Durante o evento, foram dados a conhecer os resultados da campanha do ano passado e apresentado o Projeto LuMinAves, a decorrer nos arquipélagos da Macaronésia, e que visa diminuir os impactos da poluição luminosa sobre as aves marinhas.
De acordo com o Diretor Regional dos Assuntos do Mar, Filipe Porteiro, a campanha SOS Cagarro é uma campanha que tem mais de 20 anos de existência, funcionando sempre de forma ininterrupta e “é essencialmente uma campanha de cidadania, pois conta com a participação de todas as pessoas”.
A campanha, embora seja organizada e estruturada pelo Governo Regional, através da Direção Regio-nal dos Assuntos do Mar, conta com a colaboração dos Parques Naturais de ilha que são os operacionais no terreno. Segundo Porteiro, trata-se “ de uma campanha que vive essencialmente da participação de todos, desde entidades públicas, como a GNR, a PSP, a Autoridade Maritima, os Bombeiros até às oNG´S como a SPEA, o OMA e GQUESTA, também muita gente anónima, e cada vez mais com o apoio de outras entidades regionais como a EDA, a AtlanticoLine, as quais têm contribuído para que se possa minimizar os efeitos negativos da poluição luminosa nos cagarros”.
Para o Diretor Regional dos Assuntos do Mar, esta é uma campanha com várias valências: em primeiro lugar, tem uma valência ambiental, que é a da conservação ambiental, pretendendo-se salvar cagarros para que eles possam iniciar a sua 1.ª migração para sul, para o Atlântico Sul e assim completar o seu ciclo de vida. Assim, sendo uma campanha de cidadania, tem também um papel muito importante na educação ambiental, pois nela participam muitos jovens das nossas escolas.
Outra valência desta campanha SOS Cagarro e que se vem assumindo desde há 2 ou 3 anos é a dimensão turística. A observação de aves é cada vez mais uma atração para muitas pessoas que gostam e têm prazer em observar aves, e gostam de o fazer enquanto viajam. Essa atividade de ecoturismo é cada vez mais importante, pelo que os cagarros têm um enorme potencial turístico.
Por outro lado, as próprias empresas de turismo de natureza, têm, nesta altura, programas próprios para os turistas participarem nesta campanha, permitindo-lhes um contato com a natureza e contribuindo, assim, para a conservação do local que visitam.
Para Porteiro “isto pode funcionar como uma oferta turística complementar”.
Referiu, ainda, uma outra valência, que é a científica, na medida em que é preciso conhecer mais sobre este animal, sobre a sua ecologia e biologia, para que se possam desenvolver medidas que levem à sua conservação.
Por último, o DRAM destacou a “criação de brigadas científicas, de participação pública, onde as pessoas recolhem informação, salvam cagarros e registam a informação para que depois possa ser analisada de forma mais qualitativa, ajudando, assim, a combater e a minimizar este problema ambiental”.
Usando, de seguida, a palavra, Sofia Garcia, técnica da Direção Regional dos Assuntos do Mar, responsável pela coordenação da Cam-panha em colaboração com todos os Parques Naturais da Região e todas as entidades parceiras, referiu que “todos os dados da campanha, cagarros vivos, mortos e variações de ano para ano, toda essa informação, é registada na base de dados da DRAM, que é depois analisada, permitindo dar apoio a programas e projectos científicos que têm vindo a ser desenvolvidos nos Açores”.
Referindo-se aos resultados do ano de 2016, destacou que “em 2016 foi o 2.º maior ano com mais salvamentos, o número de cagarros salvos todos os anos varia de ilha para ilha, depende de vários factores, sobretudo se há mais brigadas de salvamento, se caíram mais cagarros, se houve mau tempo nas ilhas e que influenciam a queda dos cagarros”.
Há três ilhas onde há registo de mais queda de cagarros: São Jorge, Pico e São Miguel. Segundo a responsável, no ano passado na ilha do Corvo, foi batido o recorde de salvamento de cagarros, tendo sido salvos mais de 1000 cagarros. Por outro lado, todos os anos é avaliado o pico dos salvamentos, ou seja, qual é altura entre 15 de Outubro e 15 de Novembro que caem mais cagarros.
Para Garcia “a queda de cagarros tem vindo a aumentar em resultado, quer de um maior esforço de salvamento em que mais cagarros são encontrados ou há mais quedas, havendo muitos outros factores que influenciam estes dados, sendo o ano de 2013 aquele em que se registou o maior número de cagarros salvos”.
Valter Medeiros, vigilante do Parque Natural da ilha do Faial, referiu-se, depois, ao trabalho que desenvolvem no sentido da sensibilização do salvamento de cagarros, ave marinha com uma grande longevidade e que consegue viver até aos 40 anos.
“75 por cento da população mundial nidifica nas nossas ilhas, pelo que as acções que se realizam nos Açores têm um forte impacto em toda a espécie”, salientou o vigilante.
O SOS Cagarro, é a maior e mais antiga campanha de educação e conservação ambiental dos Açores, e decorre até 15 de novembro em todo arquipélago, pretendendo envolver toda a população.
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