O segundo de sete centros que integrarão o sistema regional de processamento de resíduos foi esta manhã inaugurado na ilha Graciosa em cerimónia presidida por Carlos César.
Resultante de um investimento de cerca de cinco milhões de euros, o Centro de Processamento de Resíduos da Graciosa dá seguimento a uma política de gestão de resíduos que, segundo o Presidente do Governo, se caracteriza “pelas novas perspetivas introduzidas pela valorização dos resíduos – que passam a ser a matéria-prima de uma fileira de negócios que já vai ganhando peso na economia açoriana – e pela resolução de alguns dos mais graves passivos ambientais existentes no nosso território, que são as lixeiras e os aterros em deficientes condições de operação.”
Carlos César adiantou que, em colaboração com as câmaras municipais – que são as entidades legalmente responsáveis pela gestão dessas estruturas – estão a ser criadas condições que permitirão, numa primeira fase, a desativação dessas lixeiras.
Adaptado às características de cada ilha, foi estabelecido “um sistema regional de gestão de resíduos que implica a dotação de cada uma delas de infraestruturas como esta, destinadas a dar uma resposta local aos resíduos putrescíveis, através da sua estabilização por compostagem, e a separar, embalar e expedir os resíduos que são destinados a valorização fora da ilha, seja por reciclagem ou reutilização, seja por valorização energética através da sua utilização como combustível”, explicou.
Como também disse, “essas estruturas seguem um padrão comum, tendo apenas diferenças significativas nas ilhas de São Miguel e Terceira, onde as quantidades geradas aconselham soluções finais locais para aproveitamento dos resíduos não recicláveis nem reutilizáveis.”
Por outro lado, os centros de processamento, como o hoje inaugurado na Graciosa, os resíduos orgânicos transformados passam a constituir um recurso interessante para a horticultura, fruticultura e jardinagem, reduzindo a necessidade de importação de composto e de fertilizantes.
Quer isso dizer que, como sublinhou Carlos César, “os materiais putrescíveis, que agora nos envergonham nas lixeiras, passam de lixo poluente a recurso com interesse económico”, enquanto o restante lixo será exportado, designadamente para a Terceira e S. Miguel, onde será aproveitado para produzir energia em centros cujos projetos estão elaborados e definido e garantido o seu modelo de financiamento e operação.
Essas exportações resolverão o problema da acumulação de lixos não biodegradáveis nas ilhas, e, simultaneamente, cria-se uma oportunidade de negócios no aproveitamento dos materiais, o que já se traduziu na criação de alguns postos de trabalho.
Para o Presidente do Governo, “os resíduos combustíveis selecionados têm um valor calórico apreciável que deve ser aproveitado em benefício da nossa autonomia energética e da redução das emissões de gases para a atmosfera.”
Salientando que os gases com efeito de estufa que são libertados pela decomposição dos resíduos nos aterros, em particular o metano, têm um potencial para acelerar as mudanças climáticas que é muito superior ao do dióxido de carbono que será emitido pela queima desses materiais, Carlos César afirma que “esta é uma forma legítima e ambientalmente adequada de valorizarmos os resíduos, através da qual ganha o ambiente, ganha a economia e ganha a eficiência energética.”
Daí que defenda a necessidade de continuar e concluir o que qualifica de “uma das mais importantes reformas estruturais que se impunham na área ambiental.”