O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia defendeu hoje, na Praia da Vitória, que a criação, pela primeira vez na Região, dos Grupos de Ação Local da Pesca “será, sem dúvida, um marco importantíssimo” no futuro das comunidades piscatórias açorianas.
“Queremos que sejam os próprios pescadores e os outros atores do setor das pescas a definir estratégias de desenvolvimento local e a estabelecer prioridades para o financiamento dos seus próprios projetos”, afirmou Gui Menezes.
Neste sentido, apontou como formas alternativas ou complementares à atividade extrativa da pesca a criação de negócios nas áreas da restauração e da comercialização de pescado, a Pesca Turismo ou ainda “a musealização de algum património que pode ser aproveitado para visitação de turistas”.
O Secretário Regional do Mar, que falava durante a sessão de encerramento do I Fórum Internacional Socioeconómico das Pescas dos Açores, referiu ainda “o aproveitamento de subprodutos da pesca ligados à biotecnologia”.
Durante a sua intervenção, Gui Menezes destacou o caráter inovador de um projeto da Fábrica Santa Catarina, de São Jorge, que visa o aproveitamento dos subprodutos da indústria conserveira e que, em parceria com a Direção Regional da Ciência e Tecnologia, submeteu uma candidatura a financiamento no âmbito do Fundo Azul.
“Há uma panóplia de oportunidades”, afirmou o governante, acrescentando que “é preciso saber aproveitá-las”.
Segundo o Secretário Regional, este Fórum, que decorreu durante dois dias, constituiu-se como “mais um passo no caminho para a implementação”, na Região, de Medidas de Desenvolvimento Local de Base Comunitária (DLBC).
“Espero que os nossos atores da pesca dos Açores tenham tido oportunidade de conversar e de trocar experiências” durante este evento, referiu, acrescentando que as medidas DLBC “podem, efetivamente, trazer mais valias” às comunidades piscatórias.
“Acredito que as novas iniciativas, se forem desenvolvidas de uma forma integrada, irão contribuir para um maior desenvolvimento da pesca dos Açores e para a criação de mais riqueza e de mais emprego”, sublinhou.
Durante a sua intervenção, destacou o trabalho das associações do setor em algumas ilhas, com o objetivo de “tirar proveito de algumas das espécies menos pescadas e de menor valor comercial, mas de elevado valor nutricional, apostando, para tal, também na inovação”.
Neste sentido, referiu o “projeto inovador” da Associação de Armadores de Pesca Artesanal do Pico, que criou um hambúrguer de tainha, salientando também a aposta desta associação na filetagem, “para valorizar peixes que, tradicionalmente, têm valor comercial mais baixo”.
O Secretário Regional apontou também o trabalho da Associação de Pescadores Graciosenses no que respeita à secagem de peixe e à apanha de algas como atividade complementar à pesca, destacando ainda a criação de peixarias na ilha Graciosa por esta associação.
“Estes são apenas alguns bons exemplos de projetos de caráter inovador ao nível local e que já estão em curso no arquipélago”, disse, frisando que o Executivo açoriano pretende que as medidas DLBC “venham reforçar ainda mais a inovação no setor, a capacitação das pessoas e das instituições da pesca, bem como a conservação e a valorização dos recursos, através de novos projetos e negócios”.
Em 2017, o Governo Regional fez publicar a regulamentação de base necessária à operacionalização nos Açores destas medidas do Programa Operacional Mar 2020, que contarão com verbas de três milhões de euros do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP).
Durante dois dias, o Fórum Internacional Socioeconómico das Pescas assumiu-se como uma plataforma de partilha de experiências e de conhecimento onde participaram como oradores cerca de três dezenas de promotores de boas práticas e de membros de grupos de ação local já com trabalho desenvolvido vindos de Portugal continental, Espanha, Finlândia, Suécia, Dinamarca, Reino Unido, Martinica, Guadalupe, Canárias e França.