O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia afirmou hoje, na Horta, que, nas regiões insulares, onde “há mais mar do que terra, o mar também é a nossa terra e é preciso defendê-la”, lembrando que os Açores têm pouco mais de dois mil quilómetros quadrados de área terrestre, mas dispõem de cerca de um milhão de quilómetros quadrados de área marítima.
Gui Menezes frisou que os Açores, pela posição estratégica que ocupam no contexto dos arquipélagos atlânticos, pela investigação científica de excelência que tem desenvolvido, pelo caráter pioneiro das políticas e instrumentos implementados para o planeamento, gestão e proteção dos seus recursos marinhos, “querem estar no pelotão da frente neste desafio global de instituir um novo modelo de governança do mar”.
O Secretário Regional, que falava na sessão de abertura da conferência internacional ‘Governança dos Oceanos em Regiões Arquipelágicas’, considerou “fundamental a participação ativa de regiões insulares, enquanto plataformas de criação de valor associado ao mar, mas também enquanto regiões mais vulneráveis e onde a gestão dos recursos e a conservação da biodiversidade são mais complexas”.
Gui Menezes destacou várias medidas de conservação dos oceanos implementadas pela Região, lembrando que o Parque Marinho dos Açores engloba atualmente meia centena de áreas marinhas protegidas, que correspondem a uma área total superior a 248 mil quilómetros quadrados.
Neste sentido, referiu que, ao abrigo do programa Blue Azores, foi lançado o desafio de criar, nos próximos anos, uma área marinha protegida que corresponda a 15% do Mar dos Açores.
O governante referiu ainda que, também no âmbito do Blue Azores, está a ser implementado na Região o programa Educar para uma Geração Azul, centrado na conservação e no uso sustentável dos recursos marinhos, que pretende estimular o envolvimento das escolas e das gerações mais jovens em questões ligadas à literacia azul.
“É urgente sensibilizarmos cada vez mais cedo as crianças e os jovens para a importância da saúde dos oceanos”, afirmou, apontando como “bom exemplo” o caso do holandês Boyan Slat, fundador da Ocean CleanUp, que, em 2012, quando ainda era um adolescente, idealizou uma máquina para limpar a grande mancha de lixo do Pacífico, que, na semana passada, conseguiu recolher pela primeira vez plástico que flutua entre a Califórnia e o Havai.
“Este é um exemplo deveras inspirador de alguém que estava sensibilizado para o enorme flagelo que é o lixo marinho”, disse.
A conferência internacional ‘Governança dos Oceanos em Regiões Arquipelágicas” decorre até quinta-feira, na Horta, com destaque para temas como a avaliação e a gestão das pescas, a produção de conhecimento para apoio à decisão, a literacia dos oceanos, a gestão de áreas marinhas protegidas e o ordenamento do espaço marítimo.