Prevenção:
Universal é dirigida à população geral sem prévia análise do grau de risco individual. Toda a população é considerada como tendo o mesmo nível de risco em relação ao abuso de substâncias e como podendo beneficiar dos programas de prevenção. Os programas de prevenção universal variam no tipo, estrutura e duração. Os seus componentes contemplam a informação e o desenvolvimento de competências entre outros.
Seletiva é dirigida a subgrupos ou segmentos da população geral com características específicas identificadas como de risco para o consumo de substâncias psicoativas. O risco é avaliado em função dos fatores que o grupo apresenta em relação ao abuso de substâncias, não sendo avaliado o grau de risco individual. Os programas de prevenção seletiva são de média ou longa duração, variam no tipo e estrutura e os componentes contemplam a informação e o desenvolvimento de competências, entre outros.
Indicada dirige-se a indivíduos com comportamentos de risco, que exibem sinais de uso de substâncias psicoativas ou que apresentam outros comportamentos de risco ou problemáticos de dimensão subclínica. É avaliado o nível de risco individual. Os programas de prevenção indicada são de longa duração, variam no tipo e estrutura e os componentes contemplam tal como nos níveis anteriores a informação e o desenvolvimento de competências, entre outros.
Ambiental visa a alteração das normas sociais, através de estratégias globais que intervêm ao nível da sociedade e dos sistemas sociais. Estas estratégias preconizam a transformação dos ambientes culturais, sociais, físicos e económicos, que interferem com as escolhas individuais do uso de substâncias psicoativas. Neste âmbito, inserem-se medidas legislativas nacionais e internacionais relativas ao consumo e venda de substâncias psicoativas ilícitas e lícitas, como por exemplo, a taxação fiscal de produtos como o álcool e o tabaco, a exposição a mensagens publicitárias, o controlo da idade de venda dos mesmos ou ainda medidas em contextos particulares, como o meio escolar, que regulamentam o seu uso para toda a comunidade escolar (alunos, professores, profissionais e responsáveis pelos alunos) (EMCDDA, 2011).
A intervenção na problemática das Dependências tem sido feita na RAA tendo em conta o ciclo vital, uma vez que a idade é um fator preponderante no planeamento e consequente sucesso das intervenções.
Perante os novos desafios que foram identificados nos últimos anos, foi decidido ampliar a abordagem e as respostas ao âmbito de outros Comportamentos Aditivos e Dependências (CAD), que não incluem apenas as substâncias psicoativas.
Vários estudos comprovam que a prevenção de CAD tem que ser feito o mais precocemente possível, sendo a escola considerada o meio de excelência para a intervenção nas camadas mais jovens da população.
O papel das equipas de saúde escolar é assim fundamental.
Como previsto no PRS 2014-2016-extensão a 2020, já foram e continuam a ser obtidos dados epidemiológicos da RAA sobre o consumo de substâncias, quer através da aplicação do "Sistema de Vigilância de Comportamentos de Risco em Jovens", que se destina a alunos do 6º ao 12º ano, quer através da aplicação do inquérito regional de saúde que abrangeu a população entre os 20 e os 74 anos e que recolheu dados sobre o consumo de tabaco e de álcool, os dois maiores na RAA.
Durante o ano de 2018, e após a Resolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores n.º 1/2017/A que recomenda ao Governo Regional a Realização de um Estudo sobre a Problemática da Toxicodependência, foi aplicado na RAA um Estudo de caracterização dos comportamentos aditivos na Região Autónoma dos Açores que teve como objetivos:
Caracterizar os fenómenos de consumo e dependência de substâncias psicoativas junto dos consumidores da RAA, de acordo com o escalão etário, género, nível de escolaridade, situação profissional, nível socioeconómico, tipologia e padrões de consumo, e área geográfica de residência destes consumidores;
Conhecer os mecanismos envolvidos na etiologia e manutenção dos comportamentos aditivos dos consumidores da RAA, como forma de estabelecer linhas orientadoras de intervenção;
Identificar as características dos utentes do Serviço Regional de Saúde identificados com consumos de substâncias psicoativas;
Identificar variáveis relevantes para o início e/ou manutenção do consumo de substâncias psicoativas na RAA;
Identificar os possíveis perfis dos consumidores da RAA, em função das substâncias consumidas e/ou da forma de consumo destas substâncias;
Conhecer os fatores de risco e proteção no consumo de substâncias psicoativas na RAA.
Aguarda-se a publicação dos resultados.