A observação de cetáceos nos Açores já rende anualmente algumas dezenas de milhões de euros, apesar daquela actividade ainda não estar explorada em todas as ilhas.
A estimativa foi avançada hoje pelo Director Regional dos Assuntos no Mar, Frederico Cardigos, na abertura das celebrações do Dia Nacional do Mar, que decorreram na Horta.
Frederico Cardigos sublinhou, porém, que o estender daquela actividade a todas as ilhas talvez nem seja a melhor opção, uma vez que há “bons resultados” na especialização geográfica encetada por exemplo em Santa Maria, onde quatro empresas se dedicam aos tubarões-baleia e às jamantas.
Já no caso do Corvo, adiantou aquele responsável, a especialização tem recaído sobre as aves, com um “contágio apreciável da população”, daí resultando que a observação da avifauna começa-se a estabelecer “como o recurso de exportação mais importante da ilha”.
Na sua “viagem pelo mundo das oportunidades do mundo marinho dos Açores”, o Director Regional dos Assuntos do Mar considerou também que o mergulho subaquático “tem todas as condições para se tornar uma das soluções turísticas de excelência” no arquipélago.
Disse também que, depois da Reserva Arqueológica da Baía de Angra, com o naufrágio do Lidador e o Cemitério das Âncoras, começa já a “tomar corpo” a Reserva Arqueológica do naufrágio do Dori, na Praia do Pópulo, uma iniciativa que, a concretizar-se, “será mais uma escala obrigatória neste arquipélago pintalgado de azul profundo”.
Para Frederico Cardigos, o mergulho com tubarões, uma actividade que está a nascer no Faial e no Pico, e o mergulho técnico, que parece querer literalmente submergir nas costas Sul de São Miguel e Oeste da Graciosa, são exemplos de novas actividades que constituem “as cerejas no topo deste extraordinário bolo para escafandristas europeus e norte-americanos”.
Defendeu também a necessidade de rentabilizar o vasto património baleeiro actualmente existente no arquipélago, questionando-se por que razão “quem nos visita não tem acesso fácil a um passeio de bote baleeiro”, por exemplo.
Quanto às águas balneares dos Açores, de reconhecida qualidade, o Director Regional dos Assuntos do Mar advogou ser tempo “dos privados fazerem contas e avançarem, propondo a exploração de algumas dessas áreas”, já que, em sua opinião, “ninguém melhor do que os privados para libertarem a administração desta responsabilidade e transformá-la numa acção totalmente lucrativa”.
Frederico Cardigos chamou também a atenção para o facto de se vislumbrar no horizonte “a obrigação de utilização do gás natural como o meio energético para a navegação marítima planetária associada ao transporte de carga”. Se tal acontecer, “os Açores ou as Bermudas passarão a ser uma paragem de reabastecimento quase obrigatória”, alertou aquele responsável.
Quanto às pescas, o Director Regional dos Assuntos do Mar reafirmou a ideia de que “as pescarias açorianas, respeitando os princípios emanados na política comum de pescas, deveriam ser geridas pelos Açores”, já que apenas assim é possível garantir “um esforço de pesca adequado às singularidades ambientais do nosso território e respeitando a equitatividade que todos entendem como adequada”.
Relativamente à produção energética offshore, com o aproveitamento de algas, unidade de produção eólica do alto mar ou energia das ondas, Frederico Cardigos referiu que, havendo “projectos interessantes e viáveis”, o Governo dos Açores “cá estará para apoiar”.
A finalizar, destacou os passos dados pela investigação científica no conhecimento do Mar dos Açores, muito graças aos esforços desenvolvidos pelos Departamentos de Oceanografia e Pescas e de Geociências da academia açoriana. Já quanto ao mar profundo, Frederico Cardigos reconheceu que precisamos “de mais informação e enquadramento”, adiantando que se há “uma certa unanimidade em relação ao potencial existente”, a verdade é que “ninguém ainda sabe com total clareza qual é esse potencial e como poderá ser utilizado”.