Em trabalhos de investigação científica efectuados pelo Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores em conjunto com uma empresa privada foram registadas ontem três baleias-azuis a Sul da Ilha do Pico. Na sequência dos fenómenos de arrojamento de krill, registados no início de Fevereiro, aproximam-se agora de terra as grandes baleias de barba.
As baleias-azuis (Baleonoptera musculus) são os maiores animais jamais existentes no planeta, podendo atingir 27 metros de comprimento e 120 toneladas de peso e, curiosamente, alimentam-se de um dos mais pequenos (os pequenos camarões, designados por krill).
Esta espécie de baleia está em perigo de extinção, estimando-se que a sua população mundial oscile entre o 6 mil e os 14 mil indivíduos.
As baleias-azuis deverão ficar no arquipélago dos Açores até ao final de Abril, sendo progressivamente substituídas pelas também majestáticas baleias-comuns (Baleonoptera physalus) e, finalmente, os cachalotes (Physeter macrocephalus) que aqui permanecem até ao final do Verão.
Segundo o director regional dos Assuntos do Mar, Frederico Cardigos, “este é um dos melhores locais do mundo para observar cetáceos, onde é possível ver, ao longo do ano, cerca de duas dezenas de espécies diferentes. Há também grandes animais registados hoje no Canal Corvo-Flores mas, nesse caso em particular, ainda não conseguimos confirmar a espécie.”
Esta é uma matéria que suscita uma articulação do Governo com o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores. O seu director, Ricardo Serrão Santos, considera que este período do ano constitui “uma enorme oportunidade para estudar os grandes cetáceos e tentar perceber qual o nível de importância do arquipélago para a sobrevivência desta espécie em perigo”. O investigador acrescenta que o DOP está a tentar compreender a ecologia da espécie para, eventualmente, sugerir medidas de gestão para a sua protecção.